sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Verão de 1874 - Parte I



Embalado em papel velho e amassado. Lá estava aquele cutelo enferrujado que eu usei no verão de 1854 para executar a vontade divina. Nessa época, o inferno estava faminto, com sua população querendo carne. Então, eu fui apenas o açougueiro, nessa peça teatral chamada de vida.

Admirei por alguns minutos aquele lindo instrumento de corte deteriorado pelo tempo. Minha contemplação é interrompida pelo som de Claire brincando no quintal com nosso pastor alemão. Ao ver os seus lindos cabelos loiros refletindo sob o sol, o contraste com a sua pele branca e macia, imaginei se o vermelho completaria esta imagem. O cutelo voltou a brilhar e esta afiado. O cão foge, a garota chora. É janeiro de 1874 e hoje se completam 20 anos desde a ultima vez.

As pessoas gritam.

Os jornais estampam na manchete.

Satã sorri.

O Açougueiro da Rua 27 vive novamente. 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Nada que valha a pena


Ei, meu amigo
Sei que você é louco, mas pode ser o melhor daqui
Ei, companheiro
Eu me divirto sozinho, me deixe assim, por favor
Nós procuramos por nada que valha a pena
Cansados da segurança dos caminhos corretos

Ei, mulher
Acho que o niilismo nunca esteve tanto na moda
Ei, irmão
Você até que é gente boa, mas não vale nada
Nós procuramos por nada que valha a pena
Eu vejo muitos erros nesse quadro em branco