Embalado em papel velho e amassado. Lá estava aquele cutelo
enferrujado que eu usei no verão de 1854 para executar a vontade divina. Nessa
época, o inferno estava faminto, com sua população querendo carne. Então, eu
fui apenas o açougueiro, nessa peça teatral chamada de vida.
Admirei por alguns minutos aquele lindo instrumento de corte
deteriorado pelo tempo. Minha contemplação é interrompida pelo som de Claire
brincando no quintal com nosso pastor alemão. Ao ver os seus lindos cabelos
loiros refletindo sob o sol, o contraste com a sua pele branca e macia,
imaginei se o vermelho completaria esta imagem. O cutelo voltou a brilhar e
esta afiado. O cão foge, a garota chora. É janeiro de 1874 e hoje se completam
20 anos desde a ultima vez.
As pessoas gritam.
Os jornais estampam na manchete.
Satã sorri.
O Açougueiro da Rua 27 vive novamente.
Um comentário:
Gostei Rodrigo...bom, bom.
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