terça-feira, 6 de novembro de 2012

Amor fora de sintonia

Quando eu quero sua atenção, você me dá um novo outro assunto
Se em um dia você me quis, com outra eu estava antes
Nosso amor sempre esteve fora de sintonia
E aguardo como criança pela sua ligação
para ouvir sua voz, seus problemas, suas historias
E espero que o assunto seja nós dois
Mas você se sintoniza para fora do nosso caso
Aproveito então as utltimas linhas deste texto
extremamente confuso, feio e perdido
Para que você me ache em seus pensamentos

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Verão de 1874 - Parte I



Embalado em papel velho e amassado. Lá estava aquele cutelo enferrujado que eu usei no verão de 1854 para executar a vontade divina. Nessa época, o inferno estava faminto, com sua população querendo carne. Então, eu fui apenas o açougueiro, nessa peça teatral chamada de vida.

Admirei por alguns minutos aquele lindo instrumento de corte deteriorado pelo tempo. Minha contemplação é interrompida pelo som de Claire brincando no quintal com nosso pastor alemão. Ao ver os seus lindos cabelos loiros refletindo sob o sol, o contraste com a sua pele branca e macia, imaginei se o vermelho completaria esta imagem. O cutelo voltou a brilhar e esta afiado. O cão foge, a garota chora. É janeiro de 1874 e hoje se completam 20 anos desde a ultima vez.

As pessoas gritam.

Os jornais estampam na manchete.

Satã sorri.

O Açougueiro da Rua 27 vive novamente. 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Nada que valha a pena


Ei, meu amigo
Sei que você é louco, mas pode ser o melhor daqui
Ei, companheiro
Eu me divirto sozinho, me deixe assim, por favor
Nós procuramos por nada que valha a pena
Cansados da segurança dos caminhos corretos

Ei, mulher
Acho que o niilismo nunca esteve tanto na moda
Ei, irmão
Você até que é gente boa, mas não vale nada
Nós procuramos por nada que valha a pena
Eu vejo muitos erros nesse quadro em branco

terça-feira, 11 de setembro de 2012

A espiral negra


Eu mataria, se tivesse forças
Eu destruiria, se tivesse motivos
mas não correria de novo

sem essas marcas no rosto

Iria gostar de esperar por ti
se não fosse você mesma
quem me olha só para viver
quem me explora o olhar
e que vive para me adorar

Mas no fim, eu acho que mataria
Sem destruir os motivos
E conseguiria forças para correr

"Mesmo com os olhos abertos, eu não enxergo nada"

domingo, 19 de agosto de 2012

Assim será


Estou sempre achando que você não vai me enxergar
Então, como criança carente eu quebro as coisas
E fico esperando que você me ache em algum lugar

Mas minha querida,

Não me procure no bar
Não me procure em casa
E nem nas ruas da cidade

Não me procure em seu coração
Não me procure em seus pensamentos
E nunca em seus braços

Mesmo que valha a emoção
Você não vai achar sem nunca me amar
Se eu digo que te amo, diga o mesmo para mim
E juntos iremos nos enganar sem conseqüências
E assim será!

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O servo e o Rei


As lágrimas
Elas que são fruto da árvore da dor
a piada sem graça contada pelo bobo da corte
do alto de sua indiferença, arrogante, sem pavor
como se fosse um Rei em trono de prata
diamantes, bronze e outras vísceras podres

Essas lágrimas
que podem chegar pela felicidade indolor
mas preferem o jeito do horror, e previsível
apenas para provarem o sabor dos meus olhos
eles já são o alimento de demônios perdidos
São ingratas feitas de quimeras, mas dependem de mim

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Eu sou ela

E a fera se levanta mais uma vez
Seus dentes reluzentes, olhar faminto
Eu sou o seu alvo, eu sou seu alimento
Ela grita de ódio e quebra as correntes

Agora sou apenas isso, alimento
Cada parte minha se vai, indo, se vai
Aos poucos eu parto, aos poucos tento
Em muitos já não sou nada

Então acordo, cama fria, corpo quente
Procuro a luz, procuro os olhos no espelho
E grito de pavor e me amarro em correntes
Ao perceber que a fera nunca saiu de lá